sexta-feira, janeiro 13

O extensionista agroecológico - Uma prática de ver e intervir no desenvolvimento do campo


Antônio Roberto Mendes Pereira 

No nordeste do Brasil, depois de vários anos de sucateamento da extensão rural, o governo federal repensa sua política para uma nova ATER (assistência Técnica e Extensão Rural). O investir tempo e energia e recursos econômicos na agricultura familiar volta a ter importância para o desenvolvimento do Brasil criando até um ministério para dedicar tempo e conhecimento para pensar a agricultura familiar (MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário). 


O envolvimento do terceiro setor nesta assistência legitimado e financiado pelo governo é algo novo e inovador, embora, que muitas ONGs já eram envolvidas na tentativa de mostrar ao governo formas diferenciadas de fazer assistência técnica. Formas que transcendia a mera tentativa de levar técnicas e tecnologias, as ONGs queriam fazer da assistência técnica um sistema educacional onde os próprios técnicos fossem educadores e não unicamente técnicos comprometidos com algum elemento da propriedade, mas com o todo, com a propriedade na sua inteireza. 

Este texto quer trazer uma experiência vivida por mim nos meus 33 anos dedicados a pensar e a praticar agricultura familiar, onde o foco maior é ser um educador que pensa e agi levando em consideração a multidimensionalidade da agricultura familiar e de seus atores sociais que dela sobrevive, vive e cresce. 

A tentativa de elucidar a experiência vivenciada de desenvolvimento na escala humana (Max-Neff,1993), onde este desenvolvimento sustenta-se na satisfação das necessidades humanas fundamentais, na geração de níveis crescentes de auto-dependência e na articulação orgânica dos seres humanos com a NATUREZA e a TECNOLOGIA nos espaços locais é a necessidade de explicitação deste texto. 

Para cumprir este velho novo desafio tendo como intenção apoiar estratégias de desenvolvimento sustentável em escala humana no campo, surge a necessidade de formação de um profissional diferente e comprometido com este setor de atividade. 

Este novo perfil profissional deve estar pautado em outro estilo de desenvolvimento rural e de agricultura e pecuária, que além de sustentável, possam assegurar uma produção qualificada de alimentos e melhores condições de vida para a família, levando em conta a unidade produtiva como um todo. Potencializando atividades de geração de renda e de novos postos de trabalho (ORNA – Ocupação Rural Não Agrícola). Para tanto, deverá potencializar atividades produtivas agropecuárias voltadas à oferta de alimentos sadios, bem como apoiará estratégias de comercialização justo e solidárias tanto nos mercados locais, como nos municípios e regiões e ainda contribuir na geração de tecnologias adaptadas e apropriadas as diversas realidades pertinentes a cada localidade. 

Deverá também ultrapassar os limites meramente técnicos e tecnológicos alcançando estratégias pedagógicas de produção de conhecimentos, fazendo da educação e das disciplinas meios para se alcançar novas formas de entender o meio socioambiental dos espaços de vivência e convivência. 


Levando em consideração que para a ciência e para o desenvolvimento baseado nas suas concepções o LOCAL segundo Edgar Morrin e outros autores não existe, não deve ser levado em conta. O Positivismo científico não perde tempo para tratar de um contexto tão pequeno, tão local, tão cultural, tão cheio de mitos, de religiosidade, de história de preferências, de opiniões de ideologias, de conflitos, de saberes e sabores, tudo isto são realidades suspeitas, para um paradigma que busca a universalidade, a racionalidade e a verdade de forma neutra. 

Mas, para este novo perfil profissional é uma necessidade o seu envolvimento com todas estas questões que a ciência não considera, pois sua área de atuação é o LOCAL, o particular. E neste local para poder agir e fazer um bom trabalho é necessário conhecer, se envolver com a história, com a religiosidade local, entender as ideologias daquela comunidade, entender quais os mitos, para a partir daí poder desconstruir e não esquecendo aprender os saberes e os sabores locais para poder intervir, complementar, inovando a cultura local com novas idéias e ideologias. Sem este envolvimento não acredito na mudança deste espaço, é conhecer para intervir, é conhecer para fazer, é conhecer para ajudar. 

COMPETÊNCIAS PARA ESTE NOVO PERFIL PROFISSIONAL 

1. Ter postura de educador – Este novo profissional deve ser um educador que se envolva em todo processo educacional das pessoas que constituem aquela propriedade. Conhecer como elas pensam, como elas aprendem, o que elas gostam, seus desejos, suas necessidades, como vivem, os hábitos alimentares, conhecer o estado de saúde da família, enfim em que elas acreditam pois, sem estes conhecimentos é projetar para não acontecer. A tarefa de ensinar e aprender são um processo de mão dupla, aprende-se e ensina-se ao mesmo tempo. Não podemos esquecer que o sujeito do desenvolvimento são as pessoas e não as coisas. Primeiro temos que mudar as pessoas para que as pessoas transformem seu lugar, logo se precisa conhecer profundamente o público com quem irá se relacionar. Não dar para transformar as pessoas em objetos de uso para a ação. Em espaços locais, ou melhor, de escala humana é muito mais fácil este relacionamento, a tarefa de ser um sujeito social passa por este conhecimento e relacionamento, convencer a mudar e a fazer não é tarefa fácil, e não é tarefa para um técnico, mas para um educador/técnico. Outra questão fundamental é saber que toda aprendizagem se baseia em aprendizagens anteriores, num processo de relação com o já aprendido, num processo cumulativo de conhecimento (Eros Marion), logo como posso intervir tecnicamente sem conhecer o anterior, como fazem, porque fazem. 


2. Saber imitar a natureza – Para mim é a segunda competência que este técnico/educador tem que ter domínio. Primeiro se observa, tenta-se entender e depois se imita e interage, é assim que tem que ser. Aprendendo primeiro com a natureza e depois se aplica os princípios percebidos nos ecossistemas cultivados. É necessário ser um conhecedor de agroecologia, e seguir uma das várias correntes que bebem água desta ciência, como a Permacultura, agricultura natural, biodinâmica, agricultura orgânica, regenerativa, biológica, enfim as agriculturas de base ecológica. 

3. Praticar a Pedagogia do procedimento – Não basta saber e conhecer tem que saber fazer, aplicar e ainda assumir o desafio de ensinar, esta é uma das grandes competências necessárias para a transformação das propriedades rurais. O poder ensinar, praticando, fazendo transmite uma segurança muito grande para os agricultores. Esta atitude permanente durante os acompanhamentos as propriedades faz deste educador/técnico um profissional diferente, comprometido verdadeiramente com as transformações do local. Fazer junto, cria laços de amizade que transcende a relação profissional, e como diz os agricultores “este é como se fosse um dos nossos”. 


4. Fazer com o que se tem no local – Fazer o que é possível com o que se tem disponível, este é dos segredos de uma assistência técnica que não gera endividamento, que gera soluções a partir do que os agricultores têm, com recursos locais. Adequar a tecnologia ao local e não ao contrário, como normalmente se faz, querendo sempre adequar o local a tecnologia. E ao invés de levar soluções, cria problemas, aumenta-se trabalho, aumentam-se os gastos e as despesas para manter determinada tecnologia, rápido caminho para a desistência de dar continuidade. Tem que se ensinar muito mais os princípios que norteiam as tecnologias, pois a partir dele, independentemente de onde se esteja poderemos adequar a tecnologia ao que se tem. Se o principio é proteger o solo, independentemente de onde estivermos precisaremos adequar, criar, gerar uma tecnologia que atenda esta demanda, gerando o mínimo de custo possível e compatível com os recursos que a família tem para disponibilizar. 






5. Conhecer o ecossistema local como orientação e norte para o trabalho – Sem conhecer o ecossistema local profundamente, é difícil pensar em sustentabilidade. Afinal, quem mais entende de sustentabilidade do que o conjunto de vida (flora e fauna) que coevoluiu localmente por milhões de anos? O ambiente e seus componentes vivos montarão uma organização para viver a partir do que existe neste local, tudo que está presente neste ambiente propicia a vida de todos deste ambiente, tudo está em equilíbrio constante, nada tem demais e nem de menos, está na quantidade certa, ideal. 

A sucessão natural das espécies e dos consórcios destas espécies devem ser as guias confiáveis de estratégias de sustentabilidade que precisam ser entendida. Logo, diagnosticar o ecossistema local deve ser uma preocupação permanente e uma constante atualização, para os possíveis reparos e perceber a evolução do mesmo. 


6. Sempre estimular a curiosidade – A curiosidade é uma das maiores ferramentas para a produção de conhecimento logo, povo que não é curioso é povo atrasado. Como provocar este curiosidade nas famílias também deve fazer parte das competências do educador/técnico. Os ecossistemas maltratados e degradados precisam ser objetivo de curiosidade e de estudo dos agricultores e técnicos. 

A humanidade cresceu fazendo perguntas sobre tudo que vê que não entende que assusta, aos desafios que enfrenta. A pergunta é a chave mágica para as respostas, para o conhecimento e a curiosidade é que aguçam o fazer perguntas. O educador técnico deve ao máximo criar situações problemas onde a curiosidade provoque o fazer perguntas de todos os membros da família, na intenção de que esta produção de conhecimentos sejam de interesse de todos. A tradição autoritária, sempre levou as pessoas a abafarem a curiosidade, era visto com enxerimento, atrevimento, mau costume, quando se perguntava um pouco a mais do normal e do permitido. A curiosidade espontânea e provocada deve ser estimulada o tempo inteiro por este novo perfil de profissional para um novo patamar do “conhecimento epistemológico (científico). Apropriar-se deste processo e ensinar a vivenciar este processo deve fazer parte da competência deste educador/técnico. E não esqueça que a Permacultura se baseia na coleta intensiva de dados e de uso intensivo e criativo da imaginação. 


7. Do perto para longe, de dentro para fora – Normalmente quando se realiza visitas técnicas, elas são quase sempre direcionadas para o roçado, para as áreas de plantio ou criação comercial, não se dá assistência a toda propriedade, e na maioria esquece-se do restante da propriedade e de todos seus outros componentes vivos, estruturas físicas e energias existentes internamente e vindas de fora. Já que estamos falando em adequar a propriedade para que ela se torne uma propriedade que utiliza sistemas Permaculturais de produção, precisamos olhar esta propriedade com outros olhos. A transformação deve se iniciar pela cabeça das pessoas, depois pela sua habitação, em seguida pelo entorno da casa, pelo pomar, roçado e assim sucessivamente até aos limites da propriedade. Lembre-se! use soluções pequenas e lentas, pois a pressa é inimiga da perfeição. Que o domínio desta gestão inicie-se, pelo ambiente mais perto até chegar aos ambientes mais distantes, os que recebem menos visitas por dia para ser cuidada e mantida em produção. Na Permacultura o Zoneamento é uma estratégia de design que ajuda a planejar o uso destas energias de deslocamento e de localização de forma balanceada, equilibrada, evitando perdas e mau uso dos recursos locais presentes. Um design Permacultural não é nunca, pelo geral, algo totalmente acabado, mas que evolui com seus usuários. É de fato um processo – aberto – com distintas fases. 

A conexão é a maior ferramenta para um Permacultor aplicar na busca da sustentabilidade e da auto-suficiência do agroecossistema que se esta projetando. O gerenciamento desta propriedade tendo como matriz a Permacultura vai sendo lentamente incorporado, pois a aprendizagem começa com pouco e por perto e sempre que já temos controle sobre a área vamos avançando para a próxima zona de uso. Vai se mudando o que se fazia antes de forma processual para não causar transtornos no manejo e na produção. A busca intensa é encontrar o equilíbrio entre as necessidades e os recursos naturais que se tem a disposição. E lembre-se! Não se pode conhecer uma floresta apenas pelas árvores. 


8. Aprenda e ensine a planejar – O planejar deve fazer parte da montagem de estratégias de desenvolvimento da propriedade. Projetar é pensar o futuro de forma que atenda aos nossos interesses de forma sustentável, onde as necessidades atuais e futuras possam ser atendidas sem comprometer as necessidades das próximas gerações. Planejar de forma sistemática e disciplinar exige empenho e determinação de onde se quer chegar, ou transformar. Estimular os nossos agricultores a planejar suas aspirações de forma escrita, no papel, estudando o como, o quando, o quanto e o onde, deve ser uma intenção permanente do modelo de assistência. Inicie este planejamento com ações de curto prazo, para que a família aceite esta forma de planejar, incorporando a sua cultura, pois todos nós utilizamos formas simples de planejamento rápido, sem um modelo pré-estabelecido. Até para preparar uma janta fazemos um planejamento mental de etapas, momentâneos. Não estou relacionando a este tipo de planejamento. Lembre-se a verdadeira visão não é enxergar as coisas como elas são hoje, mas como serão no futuro. 


9. Reunir para decidir – Ser responsável sozinho por determinada tomada de decisão é uma tarefa difícil e muitas vezes comprometedora, a melhor maneira é dividir esta responsabilidade com o máximo de pessoas que vão ser beneficiadas. Ouvir as pessoas, suas opiniões, e entendimento sobre o assunto em questão facilita a probabilidade de acerto, além de todos, ficarem sabendo do que se está tratando. Reunião estimula a criação de coletividade e de busca de alinhamentos sobre os assuntos de discórdia, ou polêmicos. 


10. Acompanhar ao invés de visitar – Visitar é bem diferente de acompanhar. Para facilitar a compreensão entre um e outro faço a seguinte comparação: visita é namoro, acompanhar é casamento, visita é fotografia, acompanhar é filme, visita é passei lá, acompanhar fui lá, visita é etapa, acompanhar é processo. Esta comparação é para ressaltar a diferença de uma assistência centrada em visita e outra centrada em acompanhamento. 

O processo é mais substancioso, cheio de conhecimento, de relações, de entendimento, de reconhecimento, de aceitação, de consentimento. É mais fácil para avaliar quando se acompanha, sabe-se falar sobre, tem domínio do que está fazendo, mensurando, relatando e escrevendo. Isto é diferente e faz a diferença. 

11. Use o mutirão para resolver problemas locais – Use e valorize os recursos e os serviços e ajudas locais. Seja solidário, aprenda a integrar ao invés de segregar, muitos braços tornam os fardos mais leves. O mutirão é uma ótima estratégia de integrar a comunidade em serviços coletivos e familiar. Gera solidariedade entre as pessoas e também é uma grande aprendizagem para os jovens, a participação voluntária aumenta o sentido da cidadania. 

E não esqueça que cada problema contém sua própria solução, ou é parte da solução no lugar do problema. E trabalhe sempre a favor da natureza. 


12. Viva e conviva com a fonte de vida de seu trabalho – Durma, coma, beba, festeje, reze, sinta os problemas e as alegrias da família que você esta acompanhando ou vai acompanhar, só assim você consegue entender as dificuldades da realidade vivida pela família. Assim você consegue entender os hábitos, os costumes, a dieta que a família processa diariamente. Com esta postura torna-se muito mais fácil saber onde intervir, descobre-se verdadeiramente as necessidades não unicamente os desejos. 


13. Use a transição agroecológica como estratégia para a transformação da propriedade – Corre-se risco em uma transferência rápida do sistema tradicional para um sistema de base agroecológica, esta transição deve ser entendida como um processo gradual e multilinear de mudança, que ocorre através do tempo, nas formas de manejo dos agroecossistemas, que na agricultura, tem como meta a passagem de um modelo agroquímico de produção a estilos de agriculturas que incorporem princípios e tecnologias de base ecológica. Essa ideia de mudança se refere a um processo de evolução contínua e crescente no tempo, porém sem ter um momento final determinado. Por se tratar de um processo social, isto é, por depender da intervenção humana, a transição agroecológica implica não somente na busca de uma maior racionalização econômico-produtiva, com base nas especificidades de cada agroecossistema, mas também numa mudança nas atitudes e valores dos atores sociais em relação ao manejo e conservação dos recursos naturais. 


14. Documentando e registrando o que acontece e se produz – Como comprovar e mensurar os resultados das transformações que estão ocorrendo na propriedade? Os registros vão construir a história da propriedade em todas as fases do desenvolvimento, sem eles vira apenas narração oral de quem vivenciou e daqui a alguns anos os detalhes, vão sendo esquecidos, perdendo-se parte do histórico da área. Existem várias formas de registrar e documentar, por exemplo, a fotografia é um ótimo documento da paisagem, mas é improvável que ela consiga registrar quantidade, kg, ela necessita estar vinculada a outros tipos de registros para melhor documentar os resultados visuais, paisagísticos com os mensuráveis. É quase que impossível um educador/técnico deixar sua marca na história dessa propriedade se não for através dos registros dele e da família. Logo, fichas de controles, registros de produção animal e vegetal, fotografias, prêmios de produtividade entre outros são controles muito importantes de se ter. Evite que muitos conhecimentos produzidos sejam perdidos no tempo por falta de registros. 

15. Selecionando, propagando e armazenando o potencial genético do agroecossistema – A natureza levou milhares de anos para selecionar quais as plantas e os animais que poderiam viver bem naquele ecossistema. Tudo que aquelas espécies precisam, aquele espaço tenta produzir e disponibilizar de forma que uma espécie vegetal pode alimentar uma série de espécies de animais e vice versa, pois quando estes morrem serviram de fertilizantes para que estas e outras espécies vegetais que estão sendo introduzidas naturalmente possam crescer sadias tendo também suas necessidades atendidas, é um tome lá me dê cá, equilíbrio dinâmico permanente. 

Mas quando os seres humanos querem também fazer parte deste processo desarruma, desorganiza toda esta lógica achando que todo aquele espaço é só para produzir para ele, esquecendo do equilíbrio necessário, pois uma espécie depende de várias outras, não se conseguem viver isolado, vida é conjunto, é parceria. Sabemos que para produzir seu alimento já que o homem deixou de ser coletor a muitas centenas de anos, se faz necessário retirar algumas espécies para que ele possa introduzir plantas e animais de sua necessidade ou dieta alimentar, mas ele sempre insiste em retirar todas as espécies, este é um grande erro. 

Estou propondo que antes de introduzir espécies de fora daquele ecossistema, primeiro selecione quais espécies animal e vegetal podem fazer parte de sua dieta, selecione, escolha, pergunte, prove, lembre-se elas já estão lá, há muito mais tempo que você, chegou primeiro e adaptou-se primeiro, umas tentaram, mas foram excluídas daquele ecossistema, era cedo demais, talvez aquele ecossistema não estivesse preparado ainda para receber aquela espécie. Cuidado para que não corra o mesmo risco, querendo introduzir espécies que o agroecossistema ainda não está preparado para receber e criar. Você pode ser o dono da terra, mas não é quem controla o que vai dar certo ou não, as espécies e a organização delas são anteriores a você neste espaço, logo aprenda com elas, entenda esta organização. 


O desafio proposto para este educador/técnico é fazer com que esta lógica possa ser entendida, aceita e seguida pela família, os representantes humanos deste espaço. Ajude a família a montar seu viveiro genético com as plantas selecionadas, para que elas possam propagar, aumentando o número existente das mesmas. Ajude também a montar um pequeno banco de sementes selecionando as melhores para o plantio do próximo ano. 




16. Montando uma dieta alimentar adequada ao agroecossistema que se tem – Se a lógica tecnológica do acompanhamento é a Permacultura, precisa-se pensar na sustentabilidade e na auto-suficiência alimentar, hídrica, energética, em nutriente e econômica. Pois, todas elas estão e são interligadas, conectadas entre si. E se quisermos também viver de forma sustentável precisamos adequar nossas necessidades alimentares levando em conta a capacidade de produção do eco e do agro ecossistema local. Precisa-se montar uma dieta onde estes alimentos possam ser produzidos normalmente sem ter que trazer insumos de fora da propriedade para que esta produção possa acontecer. Não é que não se possam comprar determinadas preferências alimentares extras propriedades, mas tornar estas preferências como hábito diário tendo que comprar permanentemente é ir de encontro à busca da auto-suficiência alimentar. Ajude a criar esta dieta seguida também de um cardápio com pratos saborosos que se possa fazer e se deliciar. Pode-se até criar a seguinte lógica chamar de COMIDA aquela que se come com prazer e ALIMENTO aquele que mesmo sem ser saboroso, possa fazer parte da dieta. Uma dieta completa é aquela que possui no campo e na mesa comida e alimento na lógica apresentada. 


O perfil deste profissional precisa atender as necessidades e demandas vividas e sentidas das famílias dos produtores, digo família porque a maioria das assistências técnicas está totalmente direcionada para o produtor e não para a família como um todo, e como dito anteriormente, o acompanhamento deve ser ao agroecossistema como um todo. Essa é apenas uma parte da experiência que alcancei com alguns anos dedicados a este público que tanto amo e me dedico, no pensar, no fazer e no escrever. A cada dia aprendo mais, por isto é que este texto nunca vai estar acabado, pronto, e sim em construção esperando por seu comentário e sugestão. Contribua!

Atualmente coordeno um projeto de ATER com mais de 25 técnicos, agrônomos e zootecnista no acompanhamento a 2080 famílias no sertão do Pajeú de Pernambuco.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA: 

MAX-NEFF, Manfred A . Desarrollo a Escala Humana. Montevidéu: Ed. Nordan- Comunidad/REDES, 1993. 

Texto didático de abdalaziz de Moura – O que se poderia fazer com a educação escolar nos territórios da cidadania- http://mouraserta.blogspot.com

Texto didático de Abdalaziz de Moura – O papel da curiosidade e da pergunta na construção do conhecimento – série – Formação Pedagógica 01- outubro 1998 http://mouraserta.blogspot.com

12 de janeiro de 2012

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por comentar! Convide seus amigos para participarem também.
-------------------------------------------------------------------------------------------------
Thanks for commenting! Invite your friends to join too.

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...